terça-feira, 19 de abril de 2011

A borbulha orfã

A última ceia, esboço a carvão de Leonardo Da Vinci

A borbulha orfã


O tema é decerto recorrente e repetitivo, fastidioso e enjoativo mesmo, mas não há forma de o contornarmos, de tão influente e preponderante ele se ter tornado de repente na vidinha de todos nós e destes dias maus que vivemos, com inevitável agravamento nos que se avizinham.
A política e a mediocridade dos protagonistas que nela nos couberam – ou que nós deixámos eternizarem-se porque é uma matéria definitivamente pouco motivadora, pesada e chata - vinha passando já há muito ao largo da maioria de nós, porque se assemelha a uma daquelas borbulhas adolescentes que teimavam em surgir sempre que queríamos estar chamativos e charmosos, tão inoportunas como garantidas, e não havia volta a dar-lhes!
Mas esta crise é algo que teima em fazer-me querer aprofundar as causas desta outra acne....
Começou realmente quando e quem são os verdadeiros responsáveis por ela?
É obra da inapetência e incompetência gritante dos políticos em exercício ou vinha já de trás?
Quanto a mim ela surge como fruto global da acumulação prolongada por um tempo considerável de exercícios alternados desse mesmo poder e só agora deu à costa porque se tornou impossível aos actuais mantê-la afundada e grogue, não havendo já ginástica ou manobras dissuasoras e diversivas que chegassem para a camuflar e ocultar das atenções exteriores.

Porque a triste verdade é que a nossa crise não foi descoberta cá, pelos nosso especialistas da finança, a queda dos últimos cabelos da nossa careca económica só foi detectada a partir de fora, pelas odiosas agências de rating, essas malvadas que não gostam do Cristiano Ronaldo e do Mourinho, nem da Marisa e dos Chutos e pontapés.
Que em meu entender é precisa e verdadeiramente o mais grave e alarmante nela!

Que o governo mente por sistema já todos sabemos e contamos até, porque nem outra coisa há a esperar de quem mentiu invariavelmente para lá chegar.
Para confirmá-lo basta comparar qualquer programa eleitoral com os resultados da respectiva governação.
Além de tudo o que se deva imputar aos governos desta crise que certamente se foi acumulando e espraiando por um período de tempo considerável e apertando em silêncios e usufruto das mordómias cómodas aos ditos políticos parlamentares ressalta a ignorância, a incompetência ou pior que tudo isto, a conivência colectiva desse leque de oposições, olé-olé-esquerda-direita-olé, esses que tiveram e tem como justificação para serem principescamente pagos pelos nossos impostos o dever de vigiarem, verificarem e denunciarem o exercício do poder, tal como obviamente os seus abusos, descontrolos e desvios.
 Porque não têm outra escapatória admissível, é essa a única justificação para os seus chorudos abonos de parlamentares! Ou a AR é assim como ir a banhos no verão?
Mas teimo na minha, há quanto tempo é que isto se passava e sabia sem que ninguém tenha levantado um cabelo ou mexido um dedo para o revelar?
Ou não há outra vez culpados e o bode expiatório vai ser o objecto único das próximas eleições? Quem as ganhar vem dizer que foi o outro...
Não, não estou a desconversar por ser fã do Eng. Sócrates nem especificamente contra o Dr. Coelho, tenho mesmo muito pouca consideração pelo primeiro e nenhumas expectativas no segundo, o que quero saber é quando é que começou esta indecorosa conivência política geral para fazer um alvo de setas com os cabeças de lista de todos os partidos que foram a votos, sendo governo ou oposição ao longo desse tempo de silêncios criminosos, e também os presidentes, ministros, etc..
Porque assim já posso desligar o LCD sempre que um deles por lá aparecer, agora nas suas poses de grandes entendidos em formulas de resolver esta crise, para chamar os meninos ao exercício de tiro ao alvo...
É que não tenho duvidas ( neste assunto, Sr. Presidente, por acaso no resto tenho muitas e até as certezas andam agora sem jeito, assim meio cambadas, entende?) que tudo isto vai sobrar para eles em triplicado, pelo menos. (É que são meus, os meninos e não as culpas, entende?...)

Também já era certo que dos actos eleitorais portugueses só resultam vencedores - e quero lá saber se lá fora é ou não igual, porque pelos vistos esta crise local surgiu em contra ciclo com o tal mundo global - e não há força política do burgo que o desminta, nem que seja só por uma vez e para ser simplesmente original...

Todos os processos mediáticos surgidos por cá foram resolvidos sempre com mesma estratégia: tornados tão morosos e prolongados, complexos e confusos, e alargado de tal maneira o cabaz de culpados e envolvidos que por fim o resultado de tudo isso foi sempre o desinteresse e alheamento crescente da opinião pública que permitiu a todos eles saírem a proclamar total e comprovada inocência.
Enfim, que por cá a culpa foi, é e será sempre órfã consta de outro saber popular que se cristalizou, no fim até fica sempre a ideia, aligeirada pela nossa preguiça mental, que tudo não passou afinal de uma invenção ignóbil de uns tantos tarados – juízes e inspectores da judite, claro, por acaso entretanto silenciados e retirados dos processos - e que não houve afinal crime nenhum!
Tudo gente séria e honestíssima...
O rabinho dos meninos que lhes doa, ora pois, se eram drogados e faziam aquilo no Eduardo VII para que raio haveríamos de envolver e manchar com essas nódoas sociais a reputação de pessoas tão boas e de bem? E viva a sodomia forçada (que não tenho nada contra o gosto privado de cada um...)
Ou para que serviria esmiuçar e aviltar o curriculum de dirigentes de enorme sucesso desportivo, mesmo a nível internacional, com o processo comezinho sobre um tal apito dourado se afinal o futebol não passa de uns outros tantos marados de volta de uma bola com um outro a apitá-los?
Sejam lá quais forem as maroscas que façam para ganhar não têm importância nenhuma, o melhor mesmo é desagravar, branquear e arquivar de vez.
E sobre os inúmeros escândalos de corrupção deixemo-los sossegados e a marinar até morrerem por si mesmos, todos sabemos que o mundo do poder e do capital é afinal todo igual, mesquinho e vil, por isso para quê perder tempo e energias curiosas à procura de culpados. Sejamos claros, sendo todos ninguém é, ponto e assunto arrumado.
O que sobressaiu sempre de todos eles foi a ideia que quantos mais envolvidos e arguidos melhor porque no fim o resultado foi, é e será sempre o mesmo: sendo todos só “um bocadinho distraídos” - que nem culpa chega a ser porque não passaram de descuidos sem intenção, claro - no fim são já tantos os metidos ao barulho que fica tudo emperrado... até se concluir que não houve, há ou haverá nunca culpa de coisa nenhuma, mas afinal e só muita má interpretação, má vontade, difamação, infâmia e até inveja do protagonismo!
Crimes? Mas quais crimes?

E viva Portugal-olé!

2 comentários:

  1. Eis-me aqui, meu querido Diogo, depois de tanto tempo de ausência de ti...
    Apesar dos muitos feriados do meu Brasil, quase que improdutivo pro progresso da terrinha aqui, eu gosto!!...Sou empregada, e um descanso nesses dias, e um tempo maior na Net, me faz ir em busca dos velhos amigos, como tu.
    Li atentamente o teu texto, meu querido, e pensei que o conteúdo do mesmo, pode muito bem ser aplicado aqui ao governo, politicos, e suas politicagens! Fico impressionada, como nossos países tem pontos tão em comum...Talvez porque sejam irmãos ? rssss...Ainda que o que me consola, que o teu povo, e o meu, em sua maioria, são gentes do bem. Tu és um digno representante dele...
    No mais, meu amigo querido, sinto saudades de ti, daqueles tempos de visitas mais frequentes...Bom te visitar, aqui!
    Feliz Páscoa...Bjosss da Lu...

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  2. Tô te seguindo...por onde quer que vás...rsss

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