sexta-feira, 15 de abril de 2011

Pois é



Pois é

Portugal está definitivamente numa crise pior que a do costume, o ouro e as pratas já se foram há muito, vêem aí os maus do FMI e valha-nos quem for capaz...
E quem é capaz de dizer que nós, que podemos ter e temos jeito para muita outra coisa, não temos nenhum para nos governar e saber gerir?
A culpa desta crise será órfã ou só do engenheiro Sócrates e do menino Coelho que reuniu com ele em passos bem escondidos? Parece-me que vem muito de trás, para ser franco.
Por exemplo, quando a União Europeia fazia questão na nossa adesão à moeda única, porque éramos só nós e a vizinha aqui do lado os inscritos de então, não deveríamos ter sido mais responsáveis e exigentes, fazendo valer a necessidade de uma melhor estruturação da nossa economia antes de lhes fazermos a vontade?
E não devíamos nessa altura ter feito um plano de vida, definindo uma estratégia e as actividades que nos iriam suportar economicamente.
Refiro-me à escolha de uma vocação, a pôr o nosso futuro em marcha, com vários ramos de actividade (porque a Irlanda arranjou só um e deu no que se vê...), a criar as respectivas estruturas e a dirigir os fundos para isso e não simplesmente a recebê-los e dá-los a fundo perdido sem averiguar muito bem para quê, salvo nas obras públicas?
Acho que sim, até pelo que disse, porque nessa altura eram poucos na fila e eles também queriam que entrássemos....
Mas não, toca é de entrar a correr e de receber esses dinheiritos por conta das actividades que nos mandaram suspender, achando e apregoando que éramos uns sortudos!
Porque senão vejamos: não tínhamos indústria de jeito, só uns sapatitos de qualidade mas em pouca quantidade, uns têxteis que nem isso, uma agricultura quase pré-histórica e muito além da nossa própria subsistência, umas pescas que apesar de mal armadas eram heroicamente razoáveis e muita cortiça para rolhas, claro.
E para que nos deram eles então os tais fundos?
Para melhorarmos e modernizarmos essa nossa produtividade fraquinha mas real?
Não senhor, precisa e especificamente para reduzirmos ainda mais essas mesmas actividades quase artesanais mas ainda assim com alguma expressão e ocupação populacional!
Tirando o Magalhães, obviamente o único verdadeiro feito que lhes será atribuível. Porque também deve dar para jogos, digo eu...
Com ou sem redução de cotas foi simplesmente essa a razão dos subsídios para as famigeradas acções de formação profissional que eram assinadas de passagem pelos sobrinhos e filhos de amigos ou para aderir aos franchisings da moda, para as vivendas, piscinas e jipes, porque de facto o que se queria de nós era ainda menos têxteis, pescas e agricultura.
E nós ficámos a fazer o quê?
Serviços, pois nem mais!
E porque não há pai que não tente enfiar o filho numa actividade qualquer restou às gerações que se seguiram acotovelarem-se nas universidades e depois em serviços, se fosse na Função Pública melhor, era mais seguro, mas lá no escritório ou no do padrinho sempre se foi arranjando uma cadeirinha para o menino.
Só que agora os meninos estão uns homens feitos, os pais reformados ou à beira disso e o país tornou-se inviável.
Das reformas nem vale a pena falar.
E ai de quem diga que a culpa é desses senhores, dos gestores e governantes que sucessiva e continuadamente não criaram riqueza nem olharam para o futuro que nos iam fechando!
Porque ou são Presidentes da República ou têm fundações beneméritas, ou são figurões importantes no estrangeiro ou enriqueceram simplesmente e vivem no bem bom, ou então são directores e controladores dos meios de comunicação.
Por isso, entre outras coisas e se tens verdadeiro gosto pelo teu emprego e salário o melhor é dizeres que tudo isto resultou afinal da tramóia dessas tenebrosas e malvadas agências de rating!...
Umas malandras, essas sim!
Pois é.

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